sexta-feira, 16 de maio de 2014

Sobre o "primogênito"!

Queridos amigos,

Desde o lançamento do Essência, que ensaio vir aqui registrar e compartilhar algumas das tantas emoções que tenho sentido. Bem, se não é fácil escolher, muito menos traduzir.

Mas sinto que, antes mesmo de começar a compartilhar o que ficou pronto, é preciso voltar e dividir a emoção do processo, para que  toda a alegria que se desdobra desse projeto seja colocada por inteiro, para todos. E assim o farei: hoje, tenho a alegria de vos apresentar a mente genial que é responsável pelas ilustrações do Essência. 

Marcel Sugai, 22, é paulista e atualmente reside na Inglaterra, estudando arquitetura em Princeton. Antes de se aventurar lá longe em função do ensino superior, o ilustrador e querido amigo estudou na mesma classe que eu durante todo o ensino médio. Sempre muito criativo e inquieto, esbanjava exímia habilidade nos mais diversos tipos de arte, desde origamis até pinturas com tinta à óleo, na qual o artista possui formação.
Como se não bastasse, sua versatilidade possibilita ainda criações musicais: Marcel também é DJ, e define a música como sua segunda linguagem. Para quem quiser conhecer mais dessa sua vertente, eis o link: http://www.reverbnation.com/mjs
Por aqui, ficamos com a faceta do artista-ilustrador:


O que você sentiu ao ter contato com as poesias do essência pela primeira vez?
Marcel Sugai: Na primeira vez, eu tinha lápis e um papel em mãos e esperava que a autora recitasse um poema de sua escolha. A ideia era esboçar aquilo que me viesse à cabeça. Nada feito; quando Mary começou a ler, só consegui ser levado por suas palavras. No final, senti profunda admiração e até um alívio de saber que eu me conectava tão bem com a poesia do Essência.

Acredita que a poesia oferece maior ou menor liberdade de interpretação em imagens do que uma narrativa em prosa?
MS: Eu acredito que a subjetividade da poesia nos oferece um leque de possibilidades de interpretação em imagens maior do que uma narrativa em prosa. Ao passo que se pode captar momentos específicos na prosa e os ilustrar, o interessante é que, na poesia, imagem sejam tão subjetivas quanto os poemas em si. Portanto, há uma liberdade maior em sua interpretação.

Conte um pouco sobre como ficou após ter recebido o convite para ilustrar o livro.
MS: Primeiro, achei que fosse uma brincadeira da autora e recusei o convite. Depois, aceitei, assustado com a responsabilidade, mas muito honrado. Hoje, faria tudo novamente.
Marcel Jundi Sugai, óleo sobre tela, 2013

Qual a sua ilustração preferida nessa obra? Por quê?
MS: Para criar as ilustrações em Essência, eu tentei buscar a minha própria essência me lembrando de velhos livros ilustrados que eu tinha quando era criança. Cada ilustração contém memórias e referências do meu próprio passado, mas que se conectam com a poesia de Mary Prieto. Gosto de todas, em especial da ilustração de Tumulto, pois sinto que consegui resgatar a minha curiosa admiração por sacadas e mescla-la com traços despretensiosamente infantis, que me levam de volta para os meus antigos livros de contos.

Há momentos ou coisas específicas que te ajudam a ficar inspirado? Como funciona seu processo criativo, geralmente?
MS:Tudo o que me transporta de volta para casa e para São Paulo me dá inspirações; cheiro de café e pão, música, dia de sol, etc. Meu processo criativo é simples: se eu estiver criando sobre algo, eu analiso o objeto cautelosamente e, em seguida, deixo a minha mão e um lápis fazerem um "chuva de ideias" no papel, sem planejar e sem hesitar. Eu repito o processo duas ou três vezes e então seleciono o que gostei e o que não. No final, acabo com poucas ideias e as aperfeiçôo até chegar em seus resultados finais. Depois é só escolher o produto final que mais representa aquilo que foi ilustrado.

Quais suas referências artísticas, entre pintores, ilustradores, escultores, etc.?
MS: Tenho seguido os trabalhos de artistas como Alice Vegrova, Kirsty Elson, Marina Abramovic, Kia Fia e principalmente de Alexander Jansson. Enquanto minhas primeiras referências de ilustração e pintura foram de Antoine de Saint-Exupéry, Maurício de Souza, Miró, Tarsila do Amaral, et al.

Ilustração em Aquarela para "Essência" 
Qual o principal desafio em transpor uma ideia para imagem, de maneira a acrescentar a mensagem, e não torna-la desnecessária?
MS: O desafio é falar a língua dos desenhos: usar símbolos que conversem com receptores diferentes, carregando ideias similares e sem cair no clichê.

Quais suas metas e/ou planos hoje, e como imagina estar daqui a um ano?
MS: Pretendo me pôs graduar em Arquitetura em Brighton, Inglaterra e seguir no campo das artes.

Se pudesse escolher qualquer livro dentre os seus favoritos para ilustrar, qual seria?
MS: A Ilíada

O fato de sua família ser composta de artistas gera muitas cobranças, ou, justamente por isso, torna as coisas mais simples?
MS: Nunca houve pressão para que eu os seguisse no meio artístico, mas fui incentivado, desde criança, a exercer minha criatividade.

Complete a frase: O mundo precisa de arte porque...
MS: ... a arte diz à alma de quem vê, o quê, quem apenas escuta, não quer saber.

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